quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A atribulada infância de Jesus (Parte I)

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A Sagrada Família regressou do Egipto, logo isso compreende uma ida ou, neste caso, um Fuga. Começou com o Massacre dos Inocentes, quando Herodes manda matar todas as crianças do sexo masculino dos dois anos para baixo. A Bíblia oferece apenas umas breves linhas do que aconteceu, nos Evangelhos canónicos: “Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egipto” (Mt, 2 13-14). Contudo, são os Apócrifos que vão contar detalhadamente todos os passos desta jornada. Um Anjo revela-se num sonho a José acerca da ira e da maldade de Herodes. Eles partem. Nesta fantástica viagem acontece uma série de peripécias onde Jesus revela já a sua vinda messiânica através da concretização de alguns milagres. Um outro Evangelho Apócrifo,  o Evangelho árabe da infância XXVI, 1 diz que "E ao cumprir-se os três anos, retornou do Egipto.” (…) E é aqui que reside toda a beleza desta história. Os apócrifos relatam que no momento da Fuga Jesus teria dois anos e quando se deu o Regresso haviam passado três. Dá-nos assim cinco anos.
O Regresso, indo de encontro ao que os Apócrifos contam representa a criança perto dos cinco anos de idade, que caminha junto dos seus pais que o conduzem.
Vemos aqui o Menino Jesus já crescido que caminha de forma graciosa, sempre levado pela mão de sua mãe que em momento algum se afasta dele. José também os acompanha. Traz numa das mãos os intrumentos de trabalho e na outra puxa uma jumentinha - que foi usada duranta a Fuga. As suas botas e chapéu parecem mostrá-lo como um peregrino em viagem. Ao fundo vemos ficar para trás a paisagem fantástica do Egipto na forma de árvores exóticas, como palmeiras.
E o resto ficará para um próximo post: a Fuga e o Descanso na Fuga. Assim compreenderemos melhor certos detalhes iconográficos que são marcantes para distinguir os três programas iconográficos.
Esta representeção, do Regresso e somente esse, recebe também o título mariano de Nossa Senhora do Desterro.

Escola Flamenga, Regresso da Fuga para o Egipto, c. 1640, 
 
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