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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Jael como pré-figuração de Maria

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Quando Débora era juíza em Israel, decidiu mandar as tribos hebraicas em batalha conta os nativos Cananitas liderados pelo general Sísera. Jael, membro da tribo dos Queneus, inimigo histórico dos israelistas, quebrou as regras e decidiu lutar pelo hebreus. Quando Sísera, pensando que as duas tribos se haviam pacificado, aceitou o convite de Jael para se juntar a ela na sua tenda. Ela recebeu-o, ofereceu-lhe leite e convidou-o a descansar. Assim que ele caiu num sono profundo, Jael matou-o usando uma cavilha e um martelo, provavelmente feitos de madeira, similares aos que os Beduínos usavam para firmarem as suas tendas no solo. A transformação de Jael, de uma pacífica e hospitaleira anfitriã para uma resoluta, forte e corajosa mulher, faz dela a perfeira pré-figuração de Maria, a Libertadora, ela que firmemente esmaga a cabeça da serpente.
Também Débora canta um hino de louvor a Deus apó Jael chamar Barak, comandante das tropas israelitas para que visse o seu feito. Débora ressalta ainda que o povo de Meroz, subjugado pelo medo, não tomou o lado de Israel e como foi uma simples mulher que salvou o dia. Por essa razão, Débora chama-lhe "bendita entre todas as mulheres", a mesma saudação que Isabel dirigiu a Maria.


Artemisia Gentileschi, Jael e Sísera, cerca de 1620, Museus de Belas-Artes de Budapeste

sábado, 7 de maio de 2016

A escada de Jacob

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O episódio da escada de Jacob, retratado no Génesis 28:12, mostra-nos Jacob com a cabeça apoiada sobre uma pedra - betila que significa pedra sagrada de Betel - que lhe servia de almofada e, sonhado sob o céu estrelado, viu em sonhos uma escada apoiada sobre a terra cujo topo alcançava o céu: nessa escada Jacob via os anjos que a subiam e desciam. Bet-el ou Betel que significa "casa de Deus" é uma sobrevivência do culto das pedras sagradas ou litolatría, de que o Antigo Testamento mostra inúmeros exemplos.
Segundo Honorio de Autum, os quinze degraus da escada que Jacob vislumbrou representam as virtudes. Os Anjos que ascendem representam a vida comtemplativa e os que descem, a vida activa. Jacob que dorme sobre a pedra é prefiguração de São João Evangelista que dorme encostado a Cristo enquanto decorre a Última Ceia e vê os segredos do céu.


Escola Francesa, A Escada de Jacob, século XV, Museu do Petit Palais, Avignon

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A criação de Eva

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O Génesis situa a criação de Eva depois do repouso do sétimo dia, como se ela não tivesse sido prevista no plano inicial da criação.
Deus não extrai o seu corpo da terra como o do homem: fá-la sair de Adão para sublinhar a sua dependência.
"E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele (...) Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;
E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão."
Os teólogos perguntaram-se porque foi Eva extraída da costela de Adão e não de outras partes do seu corpo. "Se tivesse sido extraída dos seus pés, Eva parecia inferior a Adão, e superior se tivesse saído da cabeça." Esta explicação de São Tomás de Aquino foi retomada pelo autor do S.H.S. De acordo com São Paulo e os teólogos da Idade Média, a criação de Eva que sai do flanco de Adão adormecido, é o símbolo do nascimento da Igreja que sai do lado aberto de Cristo na cruz. Esta concordância, com frequência ilustrada no século XIII nas Bíblias moralizadas e mais tarde no Speculum Humanae Salvatoris, explica porque é que a criação de Eva é mais frequentemente representada do que a de Adão.

Iconografia: Este tema comporta numerosas variantes.
1 - Adão está geralmente deitado, posto que o Génesis diz que Deus o havia adormecido durante todo o processo.
2 - O busto de Eva separa-se da costela de Adão que se expande sobre a cabeça da mulher.
3 - Eva sai totalmente formada do lado de Adão, como Atena saiu da fronte de Zeus, com a ajuda de Deus que lhe tende a mão.
4 - Eva aparece totalmente separada do corpo de Adão adormecido e une as mãos em frente ao Criador em atitude orante.
Adão e Eva, por vezes, adoram juntos o Criador ajoelhando-se diante Dele com as mãos unidas.

"A criação de Eva,'' cerca de 1488, Mestre Bartolome

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O sacrifício de Isaac

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O sacrifício de Isaac, como narra em Gn 22,1-14, desempenha na arte cristã, como prefiguração da paixão de Cristo, um papel importante. As representações primitivas, bastante sumárias, levam pouco em conta os sentimentos de Isaac, colocado inteiramente no centro, Isso explica-se pela relação simbólica com Deus, "que entregou o seu filho unigénito". O rochedo, sobre o qual teria sido feito o sacrifício, é identificado pela tradição da Bíblia com a rocha sobre o monte do templo em Jerusalém. A interpretação simbólica de muitas facetas; a prefiguração da paixão de Cristo é desenvolvida, na glossa ordinaria medieval, em largos detalhes alegóricos; Abraão é a imagem de Deus que oferece o seu Filho; Isaac, que leva aos ombros a madeira para o holocausto, é a figura de Cristo que carrega a sua cruz; o jumento que leva a carga no séquito de Abraão alude ao povo de Israel que recebe a palavra de Deus sem entendê-la; o carneiro, oferecido em lugar de Isaac, é o Cristo crucificado; o espinheiro que prende os seus chifres remete para a cruz enquanto que os próprios espinhos são a figuração da coroa de espinhos de Cristo. Assim, o sacrifício de Abraão alude ao sacrifício incruento da eucaristia, que no cristianismo tomou o lugar do sacrificio cruento da antiga aliança.

O Sacrifício de Isaac, Paolo Veronese, cerca de 1586, Museu Nacional do Prado - Madrid

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O Banho de Betsabé

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Nas fontes, o banho de Betsabé ou Betsabé no banho é referido no Antigo Testamento:
- 2 Samuel 11:2-4 "Um dia, após o almoço, David levantou-se depois de ter dormido um pouco, e foi passear no terraço do palácio real. Do terraço avistou uma mulher que se banhava. E notou que era uma mulher muito bonita. David desejou saber quem era aquela mulher. Ao que lhe informaram: “O nome dela é Bat-Shéva, Bate-Seba, filha de Eliah e esposa de Urias, teu servo hitita."

Esta iconografia aparece sempre associada à do rei David, que envia Uriah, o hitita, para a morte. Uma tarde o rei vislumbra da sua janela uma jovem mulher de uma grande beleza, que se banhava. A fim de saber quem ela era, mandou alguém para descobrir ao que lhe disseram que era Bathsheba, a esposa Uriah. Mandou buscá-la, ela veio e deitou-se com ele. Contudo, ela engravidou e foi à presença do rei para o fazer saber; de modo a encobrir o escândalo, David enviou o marido de Betsabé para o campo de batalha, de modo a que este morresse, o que se veio a verificar. Passado o tempo de luto, David casou com ela mas este acto não agradou a Deus, que enviou o profeta Natan de modo a confrontar o soberano. Como castigo Deus haveria de tirar a vida ao filho de ambos que morreu após sete dias do seu nascimento

Betsabé é representada ora nua ora com roupa interior muito delicada, dentro de uma fonte ou de um rio que se encontram num jardim. O rei David observa-a da varanda do seu palácio. Por vezes, tanto o rei como Betsabé aparecem acompanhados por criados, e em alguns exemplos os emissários do David entregam a esta uma missiva. A imagem/iconografia do banho, pode aparecer como parte de um ciclo narrativo da vida do rei ou então de forma independente. O banho de Betsabé é interpretado como uma imagem da Igreja purificada pelo baptismo e salva do demónio, personificada na pessoa de David.

"O banho de Betsabé. Breviário de Leonor de Portugal, 1500-1510, Bruges (Bélgica). Nova York, The Pierpont Morgan Library, Ms. M. 52, fol. 329r.

Ref. bibliográficas: RÉAU, Louis (2000) (1ª ed. 1953-1956): Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Biblia. El Antiguo Testamento. Ediciones del Serbal, Barcelona.

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In the fonts, the bath of Bathsheba or Bathsheba at her Bath is refered in the Old Testament:
- 2 Samuel 11:2-4 "One evening David got up from his bed and walked around on the roof of the palace. From the roof he saw a woman bathing. The woman was very beautiful, 3 and David sent someone to find out about her. The man said, “She is Bathsheba, the daughter of Eliam and the wife of Uriah the Hittite."

This Iconography appears always associated to King David, who sents Uriah, hittite, to death. One afternoon the king sees upon his window a lovely, young and beautiful woman, who was bathing. King David, to discover who she was, sent a servant to find it out. The servant told him that she was Bathsheba, wife of Uriah. The king ordered her presence and he layed down with her. She got pregnant and went to the King to know what to do. David sent Bathsheba husband to the battlefield, so that he would die. After the mourning time David married Bathsheba, which did not please God, Who sent Natan the prophete so that he would confront the King. As a punishment, God would take their son life, who indeed died at the seventh day of birth.

Bathsheba is represented naked or with delicated clothes, in a fontain or in a river inside a garden. King David watches her from the balcony of his palace. Sometimes, the king and Bathsheba appear surrounded by servants, and in other examples the emissaries of David deliver to Bathsheba a letter. The iconography of the Bath may appear as a part of a narrative cycle of King David's life or in an independant cycle.

RÉAU, Louis (2000) (1ª ed. 1953-1956): Iconografía del arte cristiano. Iconografía de la Biblia. El Antiguo Testamento. Ediciones del Serbal, Barcelona.
 
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