domingo, 3 de julho de 2016

Fonte da Graça

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A iconografia do Paraíso deriva directamente da iconografia do Jardim do Eden. Na arte paleocristã a água, uma fonte ou umas nascente, é umas das características principais para a criação da ideia do Paraíso. Para ambos, o  jardim terreno e o Paraíso celeste, a água é uma presença fundamental: a nascente que emana no Jardim do Eden simboliza a vida eterna; é uma fonte inesgotável e um símbolo de renascimento. Por este motivo, a imagem do Paraíso tem quase sempre incluída uma fonte de onde nascem os quatro rios do paraíso ou uma larga bacia que contém a água da vida de onde os animais, simbolizando os crentes, que saciam a sua sede. Com o passar do tempo a imagem da bacia ou da nascente deu lugar á fonte, representada no estilo arquitetónico e decorativo da época. Graças também à popularidade do Cântico dos Cânticos, a imagem da fonte num jardim fechado e isolado, disseminou-se largamente na Idade Média.

Nesta representação, as três figuras no nível mais elevado, a virgem à esquerda, o Cristo entronizado ao centro e São João à direita compõem a Deesis. Cristo em Majestade usa vestes papais, sentando num trono com representações dos Evangelistas e dos profetas. Entre os seres humanos e o divino, a meio da composição, estão anjos músicos e cantores. Tal como nas representações paleocristãs o cordeio místico é colocado sobre a fonte da Graça. Uma fonte, em estilo gótico final, recolhe a água que flui debaixo do trono de Cristo, tendo dois grupos que circundam a fonte: á direita de Cristo a Cristandade está representada na figura do papa ajoelhado junto da fonte, juntamente com outras figuras do clero e devotos. Na esquerda vemos a representação do Sumo sacerdote, vendado, que representa a Sinagoga.

Jan van Eyck e assistentes, A Fonte da Graça, 1423-25, Madrid, Museu do Prado
 
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