Num manuscrito latino escrito em 1337, é narrado um dos
episódios de maior repercussão iconográfica da vida de Santa Catarina: relatada
na Legenda Aurea, é contado que a mãe de Catarina seria cristã antes de filha
se converter. Chegou o tempo de Catarina ser dada em casamento, ao que se
recusou alegando que teria recebido a visita de uma rainha que lhe fez uma
proposta muito melhor: o seu Filho, o mais belo e poderoso rei jamais visto na
Terra. A Rainha é a Virgem que oferecia o seu filho como noivo. Catarina
aceitou, mas como ainda não havia firmado a sua fé, terá recebido a visita de
um ermita que lhe deu ofereceu uma imagem de Maria com o Menino Jesus, que
encantou tanto Catarina, que pediu a Maria que lhe mostrasse o seu Filho. Nessa
mesma noite, os dois apareceram diante da Santa, mas o Menino recusou-se a
voltar o seu rosto para ela, porque apesar de bela e culta, ainda não a
considerava preparada para vê-lo. Catarina voltou a receber o magistério do
ermita e de novo, à noite, apareceu-lhe a Virgem com o seu Filho que, nesta
ocasião, se mostrou disposto a mostrar o rosto e achou ,desta vez, tanta
perfeição nela que quis tomá-la como esposa perpétua. Então a Virgem tomou a
mão de Catarina e o Menino Jesus colocou-lhe um anel no dedo, símbolo do
desposório místico que acabara de acontecer. As imagens do casamento começaram
a surgir por volta do século XV, muito provavelmente porque o seu atributo principal,
a roda, na maioria das vezes era representado tão pequeno que se confundiu e
acabou por tornar num anel, originando o aparecimento desta iconografia. Santa
Catarina surge sempre com coroa e riscas vestes de princesa, demonstrando a
nobre que era. Enquadrados por uma rica arquitectura estão também a Virgem que,
após a conversão de Catarina pelo ermita, apresenta o seu Filho para que se
realize o desposório eterno.
(c)
Brighton and Hove Museums and Art Galleries; Supplied by The Public Catalogue
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