sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Natividade de Jesus

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A cena mais vulgarmente definida como Natividade ocorreu na escuridão da noite, num silêncio carregado com a expectativa de Maria que foi quebrada pelo choro de Cristo recém-nascido. Os coros de anjos, os pastores e por fim os Magos, vão surgir mais tarde.
O Evangelho de Lucas descreve o episódio muito sucintamente. Como resposta a um decreto de Augusto, José e Maria viajaram de Nazaré a Belém para que fossem registados no recenseamento geral do Império Romano. Quando chegaram a Belém, Maria entrou em trabalho de parto. mas não havia espaço em lugar algum para os acomodar.
Lucas não descreve, mas falando especificamente numa mangedoura no qual a criança foi colocada, tornou-se implícito que a cena se tenha passado num estábulo ou num espaço de recolhimento para animais. O Evangelho Apócrifo de Pseudo-Mateus, pelo contrário, relata de forma muito específica a caverna e ainda adiciona á cena o boi e o burro que se tornaram parte da devoção popular e imagens iconográficas das cenas da Natividade desde então.
Além do Evangelho de São Lucas e do Apócrifo de Pseudo-Mateus há também referências no Proto-Evangelho de Tiago, recontados na Legenda Aurea. 
Nesta pintura podemos observar Maria, a maior entre todos os seres humanos, iluminada pela luz que irradia do Menino, A sua posição orante, que predomina na arte ocidental, era uma expressão típica da devoção medieval. A Anunciação aos pastores pode ser vista no plano do fundo. Seguindo correctamente o Evanagelho de São Lucas, o pintor holandês reproduziu apenas um anjo que está brilhantemente iluminado na escuridão da noite. As bochechas do boi e do jumento são visíveis nas sombras. A presença destes dois animais remontam aos Evangelhos apócrifos que se referem às duas passagens dos profetas Isaaís e Habacuque: " O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono." Também em todas as cenas da Natividade anteriores à Contra-Reforma, o papel de José é marcadamente secundário.


Geertgen tot Sint Jans, A Natividade à Noite, ca. 1480-85, Londres, Galeria Nacional

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Santa Anastácia

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Sobre a vida de Santa Anastácia pouca informação pode ser considerada fidedigna, com exceção para o facto de que terá sido perseguido no tempo do imperador Diocleciano. Existe uma lenda que a refere como sendo filha de um tal Praetextus e que a mãe terá sido Santa Fausta de Sírmio e ainda que terá sido pupila de São Crisógono. O Seu pai seria pagão, mas a mãe como cristã te-la-á educado nos valores e na piedade cristã. Assim que a mãe morreu, o pai deu-a em casamento a uma homem chamado Publius mas, fingindo uma doença, preservou a sua virgindade. Anastácia, durante muito tempo, vestiu-se como mendiga para visitar as prisões e oferecer ajuda médica aos prisioneiros cristãos. Descoberta, foi presa. Naquele periodo foi tambem chamado Crisógono à presença de Diocleciano onde foi torturado e morto, Anastácia, viajando dali até Sirmio terá recebido o martírio. 
A Igreja Católica festeja o seu dia a 25 de Dezembro, enquanto a Igreja Ortodoxa a celebra a 22 de Dezembro, e é a única mártir que, na liturgia romana, recebeu a distinção de ser comemorada na segunda missa de Natal.
As suas relíquias encontram-se no Mosteiro de Gregoriou no Monte Atos, tendo sido transferidas de Constantinopla para lá, onde havia uma igreja que lhe era dedicada. 
Considerada mártir grega o seu nome significa “ressurreição”, um facto simbolizado pelo seu maphorion verde. Foi também chamada de Pharmakolytria, que se significa distribuidora de poções, pela sua fama de intercessora como curadora: o phial – pequeno frasco de remédios – que carrega significa o benefício curador que é a ressurreição. 
Patronato: Mártires, tecelões, viúvas e invocado em auxílio daqueles que são envenenados.

Artista Bizantino, Santa Anastácia, inícios do século XV, São PetersburgoMuseu Hermitage

Boas Festas :)

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A adminstração do blog vem por este meio desejar a todos os leitores um Santo e Feliz Natal, desejando que a entrada no novo ano seja igualmente fantástica.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Imaculada Conceição

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O dogma da Imaculada Conceição era inexistente até o Papa Pio IX o proclamar a 8 de Dezembro de 1854. A figura de Maria, triunfante sobre o pecado e ainda preservada do pecado original, é uma das mais populares e difundidas imagens marianas. Na arte ocidental, esta imagem deu origem a uma série de convenções iconográficas e devocionais (cores, atitude, e estrutura geral) digno de ícones bizantinos. Os Franciscanos levantaram a questão da Imaculada Conceição na segunda metade do século XV. A difusão generalizada do abraço de Joaquim e Ana na Porta Dourada deve ser considerada à luz da iniciativa dos frades daquela época. A imagem da Imaculada fixou-se no século XV tomando como base o texto do Apocalipse: “ Um grande sinal apareceu no céu: uma Mulher vestida de sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça.” Em algumas representações calca a serpente. “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela; esta te ferirá a cabeça”, acrescentando assim a ideia de nova Eva eleita para vencer o mal e restaurar a pureza primitiva. A expressão “Imaculada Conceição” foi e é por vezes interpretada incorretamente como para se referir à conceção de Jesus em vez de Maria. Este lapso levou a interpretar que “sem pecado original” significa “sem relações carnais”. Claramente, embora, o Pecado Original é uma culpa transmitida por Adão e Eva a todos os seres humanos, excepto Maria, a única isenta de tal por intervenção divina.
O livro do Apocalipse é a fonte para a coroa de doze estrelas; numa interpretação simbólica de Maria como alegoria da Igreja as estrelas traduzem os apóstolos. O seu vestido branco imaculado expressa a pureza absoluta de Maria; a serpente e a maçã representam as armadilhas do mal e recordam o pecado de Eva de que Maria é excepção. Os lírios que portam os anjos reafirmam a virtude da perfeita pureza de Maria. O globo simboliza o mundo que é cercado pela serpente mas protegido por Maria e o crescente lunar debaixo dos seus pés significa que Ela ( e portanto, alegoricamente, a Igreja) está acima da mutabilidade dos destinos e situações.

Imaculdade Conceição, Mariano Salvador Maella,

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Santa Cecília

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Romana de origem nobre da família dos Metelos, educada como cristã, carregava sempre consigo os livros dos Evangelhos e orava continuamente para preservar a sua virgindade. Estava prometida em casamento a um jovem Valeriano e, apesar dos seus esforços para dissuadir os seus pais, nada os consegiui demover e o casamento concretizou-se. No dia da sua boda, estando a sós como o noivo Cecília revelou ser cristã alegando ainda que um anjo protegia a sua pureza consagrada a Deus. Ao escutar estas palavras o jovem esposo respeitou o seu voto, converteu-se e recebeu o baptimos, juntamente com seu irmão Tibúrcio. Como prémio, um anjo apareceu na câmara onde se encontravam os dois, coroando-os como coroas de rosas e açucenas. Almaquius, prefeito de Roma, tomou conhecimento da conversão dos dois irmãos. Ao serem chamados ao tribunal para abandonarem a nova religião, ter-se-ão recusado o que lhes valeu o martírio. Assim também a esposa de Valeriano foi intimada a comparecer e a prestar homenagem aos deuses de Roma, mas o seu discurso perante os soldados sobre o fé cristã revelou-se tão eloquente que os soldados desistiram. Foi então submetida a uma série de torturas que passaram desde ser trancada no balneário de sua casa para morrer asfixiada pelo vapor até ser colocada numa caldeira de água a ferver, mas de ambos saiu ilesa. Foi então condenada à pena capital: decapitação. O seu carrasco desferiu três golpes sobre o seu pescoço o que não foi suficiente para separar a cabeça do corpo. Como um quarto golpe não era permitido pela lei, Cecília ferida de morte terá agonizado por três dias nas ruas de Roma, tendo dividido os seus bens pelos pobres nesse período de tempo. Ao fim de três dias morreu sendo sepultada nas catacumbas de São Calisto.

Atributos iconográficos: Palma, coroa de rosas, livro, espada e orgão. O orgão generalizou-se como atributo desde o século XVI, desprezando praticamente os restantes. Tem a sua origem na texto latino da sua Passio, obra do séc. VI, que relata que no dia do seu casamento, enquanto soavam os orgãos durante a cerimónia, Cecília cantava no seu interior pedindo a Deus que mantivesse o seu coração e o seu corpo imaculados: "cantatibus organis Caecilia in corde suo soli Domin decantabat dicens: "Fiat cor et corpus meum immaculatum"". Uma tradução errada induziu a pensar que seria ela mesma que tocava o orgão e por isso é considerada padroeira da música sacra e, na qualidade de tal, é padroeira da música e músicos em geral, pelo que pode ser representada com qualquer instrumento.

Festa litúrgica: 22 de Novembro


Michiel Coxcie, Santa Cecília acompanhada por três anjos, 1569, Museu do Prado.
 
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