quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Paraíso

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No século XIV, influenciado pela Divina Comédia de Dante, os artistas começaram a criar imagens do Paraíso como uma sequência de círculos concêntricos, também chamados de coros celestes, rodeando o núcleo que contém Jesus. Este último é representado dentro de um escudo dourado, assistido por um Serafim, os anjos que estão mais próximos de si. Abaixo do Filho, no centro das hostes celestes, está uma grande figura de Maria coroada no interior de uma mandorla dourada. Está em posição orante, confirmando a sua aceitação do plano redentor de Deus, no instante em que foi escolhida para ser parte do plano divino D'ele
Imagens do Reino Celeste começam a aparecer na Idade Média em conexão com o Juízo Final e são um tema frequente em frescos decorando interiores de cúpulas, ábsides das abóbadas e a parede fundeira de igrejas e capelas. Enquanto que as imagens iniciais representavam um maravilhoso jardim rodeado por uma exuberante vegetação, os posteriores sublinham a paz e a harmonia de um mundo povoado pelas almas dos eleitos. A rígida hierarquia de anjos e santos e a perfeita simetria das composições são destinadas a transmitir o sentido de calma intrínseco aos lugares sagrados.

Giusto de' Menabuoi, Paraíso, 1375-76, Baptistério, Pádua.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Epifania

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Os presentes na Epifanina são três, o que levou a sugerir o número de personagens: Melchior, rei dos Persas, Baltasar, rei dos indíos, e Gaspar, rei dos Árabes. Foi estabelecida uma ligação entre o facto de que os reis se deslocaram a Belém com preciosos presentes, acompanhados de uma comitiva, e de etiquete diplomática, que exigia a prestação de uma homenagem. Os presentes dados pelos Magos a Cristo foram ouro, um símbolo da sua realeza, incenso, símbolo do seu ministério sacerdotal e mirra, um símbolo da sua encaranação como homem mortal, destinado a morrer e a ser sepultado. São Bernardo, contudo, preferiu uma explicação mais terra-a-terra: o ouro seria para aliviar a pobreza de Maria e José, o incenso para perfumar o ar do estábulo e a mirra para fortalecer a saude da criança. Na arte medieval os Magos são Reis com características ocidentais, onde um deles apresenta um ar muito jovem. Depois do século XIV os reis passaram a ser representados como sendo a representação das três idades, raças e continentes.
Nesta pintura podemos observar José no meio da composição, que eleva o seu olhar para o céu. O boi, o jumentos e as ovelhas e pastores afastam-se para darem espaço aos Magos e seus séquitos. Os reis apresentam-se com os seus presentes -ouro, incenso e mirra- cujos recipientes se tornaram cada vez mais preciosos na pintura do norte da Europa. O ceptro que descansa junto aos pés de Maria e Jesus é um sinal do homenagem dos reis a um soberano mais poderoso do que eles. No chão, os azulejos são de grande qualidade, mas mostram-me partidos e desnivelados; o chão simboliza o declínio da antiga civilização, que foi restaurada e renovada pela vinda de Cristo.

Mabuse, A Adoração dos Reis, 1500-1515, Londres, Galeria Nacional
 
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