Na sua segunda carta, Pedro definiu-se a si mesmo como uma das “testemunhas da Sua majestade”, a espetacular, inefável manifestação da glória de Deus. A Transfiguração marcou o culminar da vida pública de Jesus. Juntamente com Pedro, Tiago e João ( os mesmos três apóstolos que adormeceram quando Jesus foi preso), Jesus ascendeu a montanha e foi transformado: “e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz (Mateus 17:2) Moisés e Elias aparecerem e falaram com ele. Neste momento, Pedro exclamou, “Senhor, bom é estarmos aqui (Mateus 17:4), e ofereceu-se para lhes erguer três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés outra para Elias. Mas naquele instante uma nuvem brilhante envolveu-os a todos e as mesmas palavras ouvidas no dia do Batismo foram ouvidas: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o (Mateus 17:5). Os apóstolos caíram por terra aterrados e quando recobraram os sentidos viram apenas Jesus. Termina este episódio com a cura do menino epilético.
Nesta pintura de Rafael, vemos a figura de Jesus ao centro da composição, vestido de luz, levanta os seus braços num gesto que relembra a crucificação. Ao mesmo tempo, ele eleva-se no ar como no Ressurreição. À sua esquerda encontra-se suspenso no ar Moisés que segura as Tábuas da Lei e à sua direita, do mesmo modo, está Elias, segurando os livros das suas profecias. Os apóstolos Pedro, Tiago e João estão no topo do Monte Tabor, mas Pedro é o único que vê a Transfiguração diretamente. Nos atos dos Apóstolos, Pedro é o único que o descreve aos fiéis. Uma criança possessa revira os olhos de forma anormal, enquanto os seus familiares e os apóstolos aguardam por um milagre. Os nove apóstolos que permaneceram na base da montanha estão impedidos de curar o menino.
Raphael, A Transfiguração, ca. 1530, Cidade do Vaticano, Pinnacoteca Vaticana
Raphael, A Transfiguração, ca. 1530, Cidade do Vaticano, Pinnacoteca Vaticana