Depois da infância de Jesus, os Evangelhos mencionam muito pouco a Madonna. A continua e muito difundida devoção popular em torno da Virgem preencheu largamente este vazio; baseia-se nos textos apócrifos dos primeiros séculos do cristianismo, em parte em tratados medievais, nas visões dos místicos e nas pias tradições. Mas um componente realmente importante foi a simples projecção dos sentimentos humanos para as figuras dos evangelhos. Isto torna natural pensar que Jesus, com a aproximação da Paixão, tenha desejado despedir-se de sua mãe.
O tema é raro na arte e muitas vezes é confundido com o aparecimento de Cristo ressuscitado a Maria. Distinguir os dois, contudo, é fácil, uma vez que na “despedida”, antes da Paixão, Jesus obviamente não apresenta os sinais físicos da flagelação ou da crucifixão nem o atributo iconográfico do estandarte da Ressurreição.
Nesta pintura, Pedro já segura consigo as chaves; Lotto seguiu o evangelho de Mateus de acordo com o qual Jesus dá a chava da Igreja a Pedro antes da Transfiguração.
Jesus ajoelha-se devotamente perante a sua mãe; por sua vez, Maria desmaia de dor e é amparada por João e por Maria Madalena. A cena prefigura uma iconografia mais difundida que é a do desmaio da Virgem no momento em que Cristo é crucificado. Ao fundo podemos ver o “hortus conclusus” – jardim fechado, o atributo iconográfico mais característico e perfeito de Maria e na outra ponta o quarto perfeito e puro de Maria que remete para cenas da Anunciação.
Lorenzo Lotto, Christ Takes Leave of his Mother, 1521, Berlim, Gemaldegalerie.
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