quinta-feira, 16 de abril de 2015

O sacrifício de Isaac

O sacrifício de Isaac, como narra em Gn 22,1-14, desempenha na arte cristã, como prefiguração da paixão de Cristo, um papel importante. As representações primitivas, bastante sumárias, levam pouco em conta os sentimentos de Isaac, colocado inteiramente no centro, Isso explica-se pela relação simbólica com Deus, "que entregou o seu filho unigénito". O rochedo, sobre o qual teria sido feito o sacrifício, é identificado pela tradição da Bíblia com a rocha sobre o monte do templo em Jerusalém. A interpretação simbólica de muitas facetas; a prefiguração da paixão de Cristo é desenvolvida, na glossa ordinaria medieval, em largos detalhes alegóricos; Abraão é a imagem de Deus que oferece o seu Filho; Isaac, que leva aos ombros a madeira para o holocausto, é a figura de Cristo que carrega a sua cruz; o jumento que leva a carga no séquito de Abraão alude ao povo de Israel que recebe a palavra de Deus sem entendê-la; o carneiro, oferecido em lugar de Isaac, é o Cristo crucificado; o espinheiro que prende os seus chifres remete para a cruz enquanto que os próprios espinhos são a figuração da coroa de espinhos de Cristo. Assim, o sacrifício de Abraão alude ao sacrifício incruento da eucaristia, que no cristianismo tomou o lugar do sacrificio cruento da antiga aliança.

O Sacrifício de Isaac, Paolo Veronese, cerca de 1586, Museu Nacional do Prado - Madrid

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