De acordo com o Pseudo-José de Arimatéria, um Evangelho
Apócrifo, quando Jesus ainda era vivo Maria pediu-lhe para ser avisada da sua
morte nos três dias anteriores ao acontecimento, vários anos após o
Pentecostes. Também a Legenda Aurea reproduz este momento em que, de acordo com
a promessa de seu Filho, um anjo aparece-lhe e anuncia-lhe que estará próximo o
momento de voltar a reunir-se com Ele e entrega-lhe a "palma
mortis",da palmeira do jardim do Paraíso. O arcanjo mensageiro deixa de
ser Gabriel para passar a ser Miguel, o anjo da morte e do Juízo Final e que
defenderá os justos nesse mesmo momento. Maria, inquieta, pede-lhe que proteja
a sua alma dos artifícios do demónio e o anjo promete-lhe que a palma que lhe
entregou, levada diante do seu féretro, a tornará imune. Não resta dúvida
alguma que este tema foi inspirado na passagem do apócalipse, onde se fala da
mulher ameaçada pelo dragão e que se encontra protegida pela lança de São
Miguel. Iconograficamente é um tema pouco repetido por uma simples razão:
poderá, muito facilmente, ser confundido com o momento da Anunciação do
nascimento de Jesus. Contudo, existem alguns elementos que permitem identificar
entre uma e outra; aqui Maria tornou-se numa mulher idosa e leva a sua cabeça
coberta: já não é mais a jovem da Anunciação. Também o objecto do anjo que
seria um ceptro ou lírio deu lugar à palma.
Escola Inglesa, A Anunciação da morte da Virgem, Saltério
Hunteriano, miniatura, c. 1170, Glasgow
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