Ainda que existam referências bíblicas, este tema procede
fundamentalmente das Actas de Pilatos (17-27, s.II). Conhecido como a descida
ou inferno podem também chamar-se de Descida ao Limbo, lugar do Hades onde
estão presos os justos, que esperam a chegada do Redentor. A arte bizantina
represntou este tema com acentuada frequência, pois a descida aos infernos ou
Anástasis era uma das doze grande festas de ano. As representações ilustram as
primeiras palavras do capítulo 24: "Enquanto assim apostrofava no Inferno
a Satanás, estendeu a sua dextra o Rei da glória e como ela tomou e levantou o
primeiro pai, Adão." Pelo chão espalham-se os pedaços das portas do
inferno. Jesus carrega a bandeira da ressurreição, a cruz ou o báculo
crucifero; seja qual for o caso é o símbolo da sua vitória sobre a morte.
"Então todos os Anjos de Deus rogaram ao Senhor que deixasse nos infernos
o sinal da Santa Cruz, signo da vitória, que que os seus perversos ministros no
conseguissem reter nenhum não-culpado a quem o Senhor tenha absolvido. E assim
se fez; e pôs o Senhor a sua cruz no meio do inferno, que é sinal de vitória
por toda a eternidade." (cap. 26). O triunfo sobre o mal assinala-se com o
diabo vencido aos seus pés, ou preso debaixo das portas do inferno. A
iconografia do infero foi imaginada de diversa formas; na iconografia medieval
é frequente a imagem de uma gruta rodeada de monstros, ou de uma grande boca
aberta, permitindo a saída dos santos. Essa boca infernal faria alusão ao
monstro marinho que manteve Jonas no seu ventre durante três dias,
pré-figuração para a Descida ao Limbo.
Descida ao Limbo - detalhe, Bíblia de Ávila, século XIII
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