sábado, 7 de maio de 2016

São Miguel, o psicopompo


Segundo Kunstle, foi através de um erro que se reconheceu como São Miguel o anjo que pesa as almas no Juízo Final. Confundiu-se condutor das almas com pesador das almas. O erro veio da representação de um anjo anónimo que vigia a balança, armado com uma lança ou uma espada para afastar o demónio, que substituiu a mão de Deus ou ao Cristo Juíz. Chegou-se à conclusão que se tratava de São Miguel. A prova que na Idade Média se identificava São Miguel com o pesador das almas é o facto de ser padroeiro dos pesadores (em casas da Moeda). Por adição é fácil citar um sem número de obras românicas e góticas em que o pesador das almas é, sem dúvida, São Miguel. O certo é que São Miguel foi ,inicialmente, considerado o condutor e guia das almas (psicopompo) porque havia disputado com Satanás a alma de Moisés; posteriormente foi-lhe atribuida a função de pesador das almas no Juízo Final. Às vezes a balança encontra-se suspensa na mão de Deus que surge de uma núvem. São Miguel está ali somente para par vigiar o prato direto e receber as almas dos justos enquanto que, em frente, o demónio tenta forçar a balança e incliná-la para o seu lado. Contudo, o mais normal é que São Miguel segure na balança. Depois de Cristo é a personagem mais importante do Juízo Final. Por vezes é possível ver a nestas representaçõe, junto ao arcanjo, a virgem misericordiosa inclinando a balança a favor de uma alma que implora segurando um rosário. Nesta composição vemos São Pedro, descalço e de barba, a receber uma alma que um anjo, em posição reverente lhe apresenta e pela qual suplica. A belíssima entrada para o céu apresenta-se como uma torre dourada.


Mestre de Soriguerola, Frontal de São Miguel - detalhe, século XIII, Igreja Paroquial de Sant Miquel de Soriguerola,

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