Segundo Kunstle, foi através de um erro que se reconheceu
como São Miguel o anjo que pesa as almas no Juízo Final. Confundiu-se condutor
das almas com pesador das almas. O erro veio da representação de um anjo
anónimo que vigia a balança, armado com uma lança ou uma espada para afastar o
demónio, que substituiu a mão de Deus ou ao Cristo Juíz. Chegou-se à conclusão
que se tratava de São Miguel. A prova que na Idade Média se identificava São
Miguel com o pesador das almas é o facto de ser padroeiro dos pesadores (em
casas da Moeda). Por adição é fácil citar um sem número de obras românicas e
góticas em que o pesador das almas é, sem dúvida, São Miguel. O certo é que São
Miguel foi ,inicialmente, considerado o condutor e guia das almas (psicopompo)
porque havia disputado com Satanás a alma de Moisés; posteriormente foi-lhe
atribuida a função de pesador das almas no Juízo Final. Às vezes a balança
encontra-se suspensa na mão de Deus que surge de uma núvem. São Miguel está ali
somente para par vigiar o prato direto e receber as almas dos justos enquanto
que, em frente, o demónio tenta forçar a balança e incliná-la para o seu lado.
Contudo, o mais normal é que São Miguel segure na balança. Depois de Cristo é a
personagem mais importante do Juízo Final. Por vezes é possível ver a nestas
representaçõe, junto ao arcanjo, a virgem misericordiosa inclinando a balança a
favor de uma alma que implora segurando um rosário. Nesta composição vemos São
Pedro, descalço e de barba, a receber uma alma que um anjo, em posição reverente
lhe apresenta e pela qual suplica. A belíssima entrada para o céu apresenta-se
como uma torre dourada.
Mestre de Soriguerola, Frontal de São Miguel - detalhe,
século XIII, Igreja Paroquial de Sant Miquel de Soriguerola,
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