O grande sucesso iconográfico do Caminho para o Calvário é
desproporcional com as pequenas notas deixadas pelos Evangelhos, derivando os
seus episódios de tradições extrabíblicas.
Antes da formulação das Estações da Cruz - a Via Crucis -
que identifica os últimos momentos da vida de Jesus passo a passo - o caminho
para o Calvário ( Via Dolorosa) foi um dos temas que mais estimulou a
imaginação dos fiéis e dos artistas. A narrativa dos Evangelhos é precisa mas
muito escassa em detalhes, excepto com as mulheres que choravam e a presença de
Simão de Cirene. Contudo, começando com o apócrifo de Nicodemus o número de
figuras e lugares são adicionados. A mais famosa figura não-bíblica é a
Verónica que supostamente enxugou a face de Jesus e reteve a sua imagem no pano
- a vera icon. É muito provavél que Maria tenha estado presente, contudo ela
não é mencionada nos Evangelhos, mas é quase sempre incluida nas
representações, devastada de dor. As três Quedas de Jesus sob o peso da cruz
também não estão incluidas nos Canónicos, mas tornaram-se mais tarde
"Estações" da Via Crucis. É um programa iconográfico muito espalhado,
resultado do seu desenvolvimento, começado no século VIII-X, depois da
instituição das Estações da Cruz.
Giovani Cariani, Caminho para o Calvário, c. 1519,
Pinacoteca Ambrosiana, Milão.
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