Ainda no seguimento do tema da
Fuga e do Regresso do Egipto, trago-vos hoje outra representação ligada aos
anteriores: os chamados Santos Inocentes. As crianças de Belém e das áreas
circundantes que foram assassinadas por ordem de Herodes, o Grande, foram
considerados mártires mesmo não tendo consciência daquilo que se estava a
passar. O evangelho de Mateus 2:16 mantém-se como a fonte primária para este
relato: Herodes soube pelos magos, que havia chamado à sua presença, que uma
estrela brilhante apareceu no céu e que o rei dos judeus havia nascido, como
ditava a profecia. A sua intenção, como fizera saber aos magos, não era de
prestar homenagem mas sim eliminar o seu rival. Contudo, após visitarem Jesus
um anjo apareceu aos Magos indicando-lhes que não voltassem a Jerusalém, o que
eles cumpriram. Herodes, percebendo que havia sido enganado e que não teria
assim acesso à localizaçao de Jesus, ordenou o Massacre dos Inocentes. Todas as
crianças do sexo masculino dos dois anos para baixo seriam assassinadas
esperando assim ter a garantia de que Jesus estivesse entre elas (aqui já seu
havia iniciado a Fuga). As passagens bíblicas não oferecem nenhum espaço
temporal desde o momento da Natividade ate à Epifania. Então porquê a selecção
das crianças até aos dois anos de idade? Os apócrifos respondem e arte foi
buscar essa informação; Fica subentendido que nos Canónicos os dois momentos
são quase simultâneos. Os apócrifos da infância, nomeadamente o de
Pseudo-Mateus, conta-nos que a visita dos Magos se dois anos após a Natividade.
Dai o fundamento para os meninos até essa idade e não os recém-nascidos.
Considerados os proto-mártires,
são representados com a palma. O papa Pio V instituiu uma festa em sua memória,
celebrada a 28 de Dezembro na Igreja Ocidental e 29 do mesmo mês na Igreja do
Oriente.
Matteo di Giovanni, Massacre dos
Inocentes, 1482, Convento de Santo Agostinho, Siena
0 comentários:
Enviar um comentário